Mais lucidez no trânsito reduz número de acidentes

Por Jorge Alexandre Machado

Hoje completa um mês que a chamada lei seca reduziu a zero a tolerância para quem faz uso de bebidas alcoólicas e quer dirigir. De acordo com a lei, quem tiver no teste do bafômetro com mais de 0,1 miligrama de álcool por litro de ar está sujeito a suspensão da carteira por um ano, além de multa de R$ 955,00 e retenção do veículo. Mas aquele que o teste revelar com mais de 0,3 miligramas de álcool por litro de ar será preso e responderá a processo criminal por dirigir embriagado.

A medida dividiu opiniões e entre aplausos e protestos o número de acidentes diminui a cada dia e, conseqüentemente, também o número de mortes. Conforme divulga o Ministério da Saúde, com vinte dias de vigência da nova lei, os resultados de 14 unidades do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) mostram que houve uma redução média de 24% nas operações de resgate de vítimas de acidentes. Essas 14 unidades tem uma cobertura de 25,3 milhões de pessoas no país. O levantamento segue em todas as demais unidades, que totalizam 144 SAMUs em 1.150 municípios , com uma cobertura de 101 milhões de brasileiros.

Pelos dados do Ministério da Saúde, a maior queda nos resgates se deu em Niterói (RJ), com um percentual de 47%, em uma cidade com população de 1,8 milhão de pessoas. Logo em seguida, 2,5 milhões de habitantes de Brasília devem comemorar uma redução de 40%. Em Porto Alegre, hoje com 1,4 milhão de pessoas, o percentual foi de 35%, o que lhe concedeu o terceiro lugar no ranking das reduções de resgate pelo Serviço Móvel.

Segundo o órgão, "o trânsito têm um peso significativo nos atendimentos do SAMU". Ele informa que, em Brasília, 45% dos resgates são para atender ocorrências de trauma que, em 60% dos casos estão relacionados a acidentes de trânsito. Menos necessidade de resgate no trânsito possibilita mais atendimentos a outros casos. "O SAMU poderá agilizar os atendimentos a ocorrências de outras naturezas, como casos de mal súbito, intoxicação, parto e queimadura", avalia o Ministério. Ele afirma que 20% a 50% dos acidentes de trânsito estão relacionados ao álcool e, em conseqüência, 35 mil pessoas morrem em todo o Brasil.

Em Brasília, os dados do primeiro mês serão consolidados amanhã mas como informou, ao Correio Braziliense, o diretor do Detran-DF, Jair Tedeschi, na capital federal, a redução de acidentes com mortes, nos primeiros 24 dias de lei seca, foi de 39% e o número de vitimas caiu 24%. O Corpo de Bombeiros também observou redução no número de atendimentos de acidentes de trânsito no DF. A queda foi de 16% e o custo com atendimento por acidente com vítima é avaliado em R$ 1,3 mil, conforme informação do períódico da Capital. Nos últimos 26 dias o DF comemorou não haver tido atropelamento fatal na cidade. Nos 26 dias anteriores a esse período, duas pessoas morreram, vítimas de atropelamento.

Para muitos está "difícil de engolir" a nova lei, mas os resultados fazem "descer redondo" as novas medidas que exigem total lucidez na direção. Não há como contestar que, após o primeiro gole, a direção fica perigosa, mata, mutila e inutiliza milhares de pessoas alcoolizadas ou sóbrias e, o que antes era somente irresponsabilidade, agora é passível de punições que podem chegar até a privação da liberdade.

A lei é seca para quem dirige, mas não proíbe quem quiser tomar seus goles sem colocar em risco a própria vida ou a de outras pessoas, muitas delas apreciadoras da sobriedade. Mudar comportamentos é característica do ser humano e os resultados das restrições impostas aos motoristas alcoolizados já demonstram que, nesse caso, as mudanças de atitude serão por uma boa causa e nos colocarão mais próximos dos países chamados de primeiro mundo.


SUGESTÃO DE PAUTA: Luciana Machado


Leia a íntegra da Lei 11.705/2008

Comentários

Anônimo disse…
Eu aprovo muito essa estratégia de tolerãncia ZERO... Pode ser que poucas pessoas pagem pelo mal de muitas outras. Mesmo que com a nova lei reduzisse 1 por cento de vítimas fatas em acidente de trânsito devemos aplaudir pois, essas vítimas pode ser um de nós, mesmo que não bebessemos, outra pessoa que assim o fizesse poderá provocar um acidente nos envolvendo...
A falta de consciência e imprudência estava muito além do limite...
Por isso aprovo por completo esse novo comportamento...
Anônimo disse…
Sou a favor da continuidade da Lei Seca. Já estava na hora! Além disso, acho interessante que os empresários dos bares e restaurantes pensarem novos serviços agregados para não perderem clintes. Também ajudará a diminuir a quantidade de carros nas ruas e também aproxima as pessoas, grupos de amigos, etc, que combinam de sair juntos e fazer um "rodízio" de volante. Espero que não seja apenas um susto, que essa Lei continue para garantir mais qualidade de vida aqui em Brasília e nas principais cidades.
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