Acidente com vôo 1907 da Gol completa dois anos

Por Jorge Alexandre Machado


Completa dois anos, segunda-feira (29), que um jato executivo pilotado por norte-americanos atingiu um avião da Gol. A bordo do Boeing 737/800 da Gol morreram 154 pessoas e os familiares ainda aguardam explicações sobre as causas do acidente e esperam a punição dos responsáveis.



O vôo 1907 da Gol ia de Manaus para Brasília e foi atingido, próximo à Serra do Cachimbo, ao sul do Estado do Pará, pelo jato Legacy, produzido pela Embraer, que seguia para os Estados Unidos. O Legacy teve apenas um lado da asa avariado e problemas hidáulicos e os sete tripulantes escaparam ilesos.



A presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Angelita de Marchi, afirma que órgãos do Poder Público como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) têm agido com descaso, não só em relação ao acidente, mas com todo o setor aéreo.

“Na hora do calor [do momento] fala-se muito, promete-se muito, mas, efetivamente, pouco é feito. Ainda vemos muito descaso", disse Angelita. Ela também criticou as autoridades do setor aéreo por não atenderem satisfatoriamente à associação. "Temos sempre que correr atrás delas e, muitas vezes, ficamos sabendo de algumas coisas pela mídia”, afirmou à Agência Brasil.



Segundo Angelita o relatório que irá apontar as causas do acidente tem sido protelado seguidamente. O primeiro prazo era de dez meses para conclusão. Hoje, após dois anos, "a informação que temos é que ainda está no exterior para análise, sem data para conclusão”, reclama a presidente da Associação.



Mas, além da justa preocupação dos familiares das vítimas da tragédia do vôo 1907, ainda persistem as dúvidas que surgiram à época sobre a segurança dos vôos e das pistas dos aeroportos, como o de Congonhas, em São Paulo, por exemplo. Sob uma aparente tranquilidade esboçada pelas autoridades, ainda escorregam aviôes na pista, aeronaves quase se chocam por erros de controladores, como foi divulgado recentemente na mídia, cresce o número de pousos e decolagens e a infra-estrutura não acompanha esse aumento da demanda.



Antes que novos familiares chorem outras vítimas e os processos se acumulem, sem solução, em busca de reparar o irreparável, é preciso que as autoridades atuem de uma forma concreta e decisiva para tornar o setor seguro e compatível com o crescimento. Chega de turbulências.

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