Amazônia a caminho da desertificação

Por Jorge Alexandre Machado

Se houver desmatamento de mais 30% na Amazônia, as mudanças no bioma serão irreversíveis, com a extinção da parte oriental da floresta. Hoje cerca de 20% da cobertura original já foi destruída. A informação é da Agência FAPESP, baseada em um novo modelo desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O modelo foi defendido na tese de doutorado de Gilvan Sampaio, em março, no Inpe, e apresentado pelo pesquisador, na semana passada, na Conferência Internacional Amazônia em Perspectiva, em Manaus.

Sampaio avalia que, se o desmatamento chegar a 50% da área original da Amazônia, a região leste da floresta se transformará em savana e o Nordeste do país também sofrerá impactos, com avanço acelerado da desertificação. “Descobrimos que um desmatamento acima de 50% estabeleceria um novo estado de equilíbrio na Amazônia, dando ao bioma uma configuração irreversível. Essa cifra representa a transição para um ponto sem retorno”, disse Sampaio à Agência FAPESP.

Estudos não faltam para alertar sobre o perigo do desmatamento que cresce de forma acelerada na Região Amazônica, o que faltam são ações concretas para deter esse processo desenfreado. Enquanto isso, as autoridades parecem não querer enxergar a dimensão do problema e até tentam convencer a sociedade de que o desmatamento está diminuindo ou segue sob controle. Talvez estejam vendo miragens que, é bom lembrar, são típicas de paisagens desérticas.

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